Grandes Mestres

Lia Achutti fala da sua relação com a arte e com o universo infantil

Pâmela Rubin Matge

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— É preciso ver a vida com os olhos de uma de criança curiosa.

O conselho acima denota a sabedoria de quem já viveu muito, mas continua com o espírito jovem: Lia Maria Cechella Achutti, 86 anos.

Aposentada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) desde 1999, ela ainda lembra com carinho dos tempos em que foi professora e coordenadora do curso de Artes da instituição. O ingresso ao Ensino Superior, na década de 50, se deu por meio de um concurso que ganhou quando era tudante do Instituto de Educação Olavo Bilac, em Santa Maria:

— Eu estava no último ano quando ganhei o concurso da escola, com o quadro de uma cigana que produzi. O prêmio era uma vaga no Instituto de Artes de Porto Alegre, que funcionava onde hoje é a UFRGS.

Desde o início da carreira, Lia teve um forte vínculo com universo infantil. Recém-formada, teve a experiência de trabalhar, por um ano e meio, no Rio de Janeiro, na Escolinha de Artes do Brasil. Já de volta a Santa Maria, na década de 60, participou de um quadro semanal pela TV Imembuí, hoje RBS TV. O programa reunia crianças que se inscreviam para contar histórias, fazer desenhos e conversar sobre o que produziam.

— Não tive filhos, mas dediquei à vida aos meus alunos. Eles sempre me fizeram sentir jovem. As crianças, principalmente, nos ensinam a compreender melhor o ser humano — conta Lia, esboçando um sorriso sereno.

Filha de uma dona de casa e de um farmacêutico, apaixonado por fotografia, Lia cresceu rodeada de diferentes expressões artísticas. Ela salienta, inclusive, que gostar de arte é também gostar de história, música, literatura e diferentes áreas de conhecimento. E basta entrar na casa onde mora, na companhia da irmã Maria Helena, 84 anos, para enxergar fotos, quadros, livros e CD's. Nostálgica, a artista conserva o hábito de trocar cartas com as amigas. Ela também se declara uma apaixonada por poesia, e mostra os poemas recortados do jornal e colados em uma agenda. Durante a conversa com à reportagem do Diário 2, fez questão de nominar como seus favoritos, Mário Quintana e o contemporâneo, Mia Couto.

Olhar pela janela

Reverenciada por colegas de profissão, a artista respeita os limites da idade, mas segue trabalhando. Pelo menos uma vez por semana, vai até o ateliê particular que mantém em parceria com um grupo de amigas. Lá, produz e ainda ensina arte. Suas obras têm se concentrado em peças de tapeçaria, bordados e montagens. Entre seus temas, estão as flores e os jardins, mostra de apreço pela forma e pelas as cores vivas. Lia também integra um grupo focado em história e memória têxtil do Rio Grande do Sul, o Ateliê Maria Rita Webster, de Porto Alegre.

Ao falar sobre sua trajetória e relação com a arte, resume:

— Me sinto feliz. Acho que precisamos olhar mais pela janela. Eu diria que é preciso usar os cinco sentidos e educar nosso olhar, porque a arte é a própria vida, é tudo que podemos ver e transformar.

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